sábado, 16 de julho de 2011

Conheça Antônio, o estagiário

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Uma Nobreza, que de Nobre Nada tem...

Por nobre, entendiam os antigos um herói, isto é, um homem distinto dos mais homens, e distinto por si, e não por outros; pelas suas próprias ações, e não pelas ações alheias. O heroísmo, e a nobreza, eram qualidades pessoais, e não hereditárias.
 
Estes e muitos outros pretendiam não menos nobre origem que a celeste, como descendentes dos deuses imortais; esta fábula não durou um dia só e admira-se que ela tivesse autoridade no conceito de homens polidos, sábios e prudentes, e, com tanta força que chegassem a fazer das fábulas, religião. Aquela foi a nobreza dos antigos, nobreza que tinha por princípio um engano introduzido e respeitado.

Desta sorte vem a nobreza a ser um meio por onde o vício se autoriza, o crime se justifica e a vaidade se fortalece. Cuidam os nobres, que a nobreza lhes permite tudo, mas cuidam mal, porque o certo é que a nobreza bem entendida não se fez para canonizar o erro.

Os efeitos da nobreza são muitos; ela dá merecimento, valor, saber, a quem não o tem; ela serve para fazer venerado a quem o não deve ser; ela faz que o crime fique muitas vezes impune; que a desordem se encubra, e se disfarce; que a soberba, a arrogância e a altivez, fiquem parecendo naturais e justas.

A história é uma das provas, com que a vaidade alega, e de que mais se serve na autenticidade da nobreza: prova incerta, duvidosa, fingida, e também algumas vezes falsa: nela se vêem muitos sucessos famosos, ações, combates, vitórias; muitos nomes a quem essas mesmas ações enobreceram, ilustraram. Mas, de quantas ações fará menção a história, que jamais se viram? De quantos sucessos, que nunca foram? De quantos combates, que nunca se deram? De quantas vitórias, que nunca se alcançaram? E de quantos nomes que nunca houveram? Não é fácil, que pelas narrações da história se possa descobrir a verdade dos sucessos; ela comummente se escreve, depois de terem passados alguns ou muitos séculos, de que se segue, que a mesma antiguidade é uma nuvem escura, e impenetrável, donde a verdade se perde, e esconde. Se a história se escreveu ainda em vida dos heróis, o temor, a inveja, a lisonja bastam para corromper, diminuir, ou acrescentar os fatos sucedidos: por isso já se disse, que para ser bom historiador, é necessário não ser de nenhuma religião, de nenhum país, de nenhum partido, de nenhuma profissão e mais que tudo, de preferência não ser homem.

Só para o homem estava guardado o serem distintos uns dos outros, e o distinguirem-se, não pelo valor de cada um, mas pelo valor das coisas que os distingue. A nobreza foi a maior máquina, que a vaidade dos homens inventou; máquina admirável, porque sendo grande, toda se compõe de nada. As outras vaidades, parece que são menos vãs, porque sempre têm algum objeto visível, mas por isso mesmo a vaidade da nobreza é uma vaidade sem remédio; mal incurável, porque se não vê.

Ainda a nobreza dos antigos tinha mais corpo, porque os ilustres iam buscar os seus ascendentes nos seus deuses e desta sorte ficavam os homens meio humanos e não inteiramente. Só assim podiam ser distintos, e desiguais na realidade. As distinções permaneceram, enquanto duraram as suposições da origem. Conheceu o mundo a impostura, e logo os deuses se acabaram, deixando os seus descendentes, feitos homens como os outros, e, com a circunstância, que por haverem tido progenitores altos, ficaram sem nenhum. Depois daquela catástrofe fatal, parece que devia extinguir-se a vaidade da nobreza, mas não foi assim, porque aquela vaidade só mudou de espécie, e o engano, de figura; a mitologia converteu-se em genealogia, humanizou-se. A igualdade sempre foi para os homens uma coisa insuportável, por isso entraram a forjar novos artifícios com que se distinguissem, e ficassem desiguais; e não tendo já deuses donde tirassem o princípio da nobreza, entraram a tirá-la de outras muitas vaidades juntas, compuseram uma nobreza toda humana, então nasceu aquela tal nobreza, como parto do poder e da riqueza.

Deixemos finalmente o sangue em paz, todo o seu trabalho é para ser sangue, e não para ser este ou aquele sangue; de que serve a arte de introduzir naquele líquido admirável, qualidades arbitrárias e civis, se a verdade é que ele só tem as qualidades naturais? Para que fazer ao sangue, autor daquilo, de que só é autor a vaidade?

Retirado do livro de Matias Aires da Silva de Eça, "Reflexões sobre a vaidade dos homens".

domingo, 10 de julho de 2011

Móveis Coloniais de Acaju - Ao vivo no Auditório Ibirapuera


Móveis é uma banda que eu acompanho já faz um bom tempo e reconheço ser tarefa das mais difícieis descreve-la em poucas linhas. Uma verdadeira "feijoada búlgara", como se autodenomina a própria banda. Dando uma simplificada geral, uma mistura na dose certa de rock, ska, ritmos brasileiros e do leste europeu.

Sem negar sua origem independente e inovadora no cenário musical brasileiro, seu último álbum está disponível para download gratuito pelo site da gravadora Trama. Isso sem falar que também foi uma iniciativa da própria banda postar esse vídeo com o DVD completo no youtube. Sem dúvida, figura entre as mais importantes bandas independentes do Brasil, se não a mais.