quarta-feira, 11 de agosto de 2010

As Guerras da Religião

A religião é uma fonte incontestável de guerras. Minha resposta pessoal é a seguinte. Há uma grande diferença entre uma religião que faz da guerra um dever sagrado ou um teste ritual (como entre tribos Indianas e Africanas), e uma religião que reprova, rejeita, condena e elimina toda violência. 

No primeiro caso há um acordo entre a mensagem central do que deve ser a verdade e a promoção de guerras. No segundo caso há uma contradição entre a revelação religiosa e o empreendimento de guerras. 
 Até mesmo autoridades, intelectuais e a opinião pública à qual é levada a um esquecimento geral pela pregação belicista pode apoiar a legitimidade de uma guerra, e o dever dos que crêem frente a isso é relembrar o centro da mensagem espiritual e realizar uma contradição radical à falsidade da guerra. 

Naturalmente, isso é muito difícil. Os que crêem devem ser capazes de se desprender da sociologia atual e ter coragem de se opor a intelectuais e à turba. Esse é o problema para o cristianismo. Eu nunca entendi como a religião a qual o centro é o de que Deus é amor, e de que amamos nossos próximos como a nós mesmos, pode apoiar guerras que são totalmente injustificáveis e inaceitáveis frente às revelações de Jesus. 

Várias justificativas me são familiares, as quais consideraremos mais tarde. A realidade imediata, entretanto, é que a revelação de Jesus não deveria se tornar uma religião. Todas as religiões levam à guerra, mas a Palavra de Deus não é uma religião, e a mais séria de todas as traições foi transformá-la em uma.
 
Jacques Ellul

Nenhum comentário: