Depois de muitas andanças, o Sr. Quadrado agora se deparava com uma paisagem inóspita e assustadora: era quase de noite e ele deveria atravessar o mangue o mais rápido possível para encontrar abrigo e, quem sabe, gente. Naquela tarde, já rio a dentro em sua balsa primitiva feita a duras penas durante a manhã, via o dia ir embora com o Sol ao horizonte. Longe da civilização, o dia realmente acaba quando a noite começa. Não havia como voltar contra a corrente e nem prosseguir com a balsa, uma vez que a mangue e o rio iam se tornando um só. Seguia então apenas com sua mochila e com o que Deus lhe deu.
A água parecia intransitável, ainda mesmo que batesse um pouco a baixo do peito, era perigoso demais. Devido ao aspecto barrento, era quase impossível prever alguma surpresa indesejável guardada naquelas águas. Foi então escalando pelas raízes e galhos das árvores do mangueizal com uma delicadeza incomum de sua pessoa, todo cuidado do mundo para não quebrar aquelas frágeis estruturas da natureza e acabar caindo naquele poço de águas desconhecidas. O tempo ia passando como sempre, mas aqueles momentos de tensão pareciam nunca terminar. Não era possível ver muito a sua frente, com aquele emaranhado de raízes e galhos.
A escuridão da noite ia invadindo o mangue mais do que própria luz penetrava naquele lugar durante o dia. O medo já assumia uma posição considerável na cabeça do Sr.Quadrado. Como passar a noite em claro, avançando diante de uma escuridão total? Deveria montar acampamento, mas onde, se tudo era água?
Não foi preciso muito tempo pra responder essas perguntas. Poucos metros a frente surgia chão, terra firme. Fez uma pilha de galhos quebrados e acendeu uma fogueira com sua tocha já quase consumida. Montou sua humilde barraca e em poucos minutos desmaiou de sono. O mangue negro havia sugado todas as suas energias.
Ao abrir os olhos naquela manhã fresca de setembro, à primeira vista enxergou um vulto saindo de sua barraca. Mas o que, ou quem seria aquilo?
Continua...
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